"Ser marxista é, antes de mais nada, ser anticapitalista, ou seja, lutar pela construção de uma sociedade sem classes, que suprima a exploração do homem pelo homem e a propriedade privada dos grandes meios de produção, criando condições para que as relações entre os homens sejam fundadas na solidariedade e não no egoísmo do mercado. Claro, ser marxista não é repetir acriticamente tudo o que Marx disse. Marx morreu há cerca de 120 anos e muita coisa ocorreu desde então. Mas, sem o método que ele nos legou, é impossível compreender o que ocorre no mundo. Ele nos disse que o capital estava criando um mercado mundial, fonte de crises e iniqüidades, e nunca isso foi tão verdadeiro quanto no capitalismo globalizado de hoje. Falou também em fetichismo da mercadoria, na conversão do mercado num ente fantasmagórico que oculta as relações humanas, e nunca isso se manifestou tão intensamente quanto em nossos dias, quando lemos na imprensa barbaridades do tipo 'o mercado ficou nervoso'." (Carlos Nelson Coutinho)

sábado, 21 de abril de 2012

Marxismo-leninismo ou socialismo científico



O socialismo científico é uma doutrina política que se situa a esquerda do espectro político, fundamentando-se no pensamento filosófico de Karl Marx e de Friedrich Engels, e na sua interpretação realizada por Vladimir Lênin e demais revolucionários bolcheviques, que fizeram na Rússia, a primeira revolução socialista da história.

Segundo o pensamento marxista, a luta de classes é o motor que move a história, ou seja, a luta das classes dominadas contra as classes dominantes resulta em uma revolução social, promovendo a mudança dos meios de produção e assim gerando uma nova sociedade. Na atual sociedade capitalista, a luta de classes do proletariado contra a burguesia resultará em uma revolução socialista, destruindo o capitalismo e construindo uma nova sociedade, onde o proletariado se tornará a classe dominante, socializando os meios de produção e assim abrindo caminho para a construção de uma sociedade sem classes, onde o Estado se torna desnecessário e desaparece. Dessa forma chegaria ao fim a exploração do homem pelo homem. Essa nova sociedade surgida após a revolução, será o socialismo, fase intermediária que resultará na sociedade sem classes, ou seja, a sociedade comunista.

O revolucionário marxista Vladimir Lênin defendia a realização da revolução socialista em países capitalistas atrasados, como era o caso da Rússia semi-feudal dos czares, desenvolvendo o conceito do partido revolucionário como vanguarda do proletariado, fundando o bolchevismo. O pensamento marxista clássico afirmava que a revolução socialista ocorreria primeiro em sociedades capitalistas desenvolvidas, como a Alemanha, Inglaterra, ou França, mas Lênin afirmava que em sua fase imperialista, o capitalismo sofreria revoluções iniciadas nos elos fracos de sua correia, que depois iriam se expandir para as sociedades desenvolvidas. Ou seja, a revolução na Rússia seria o estopim de uma revolução socialista mundial, que acabaria atingindo a Alemanha e o resto da Europa.

Em 25 de outubro de 1917(ou 7 de novembro de 1917, segundo o calendário gregoriano), os revolucionários bolcheviques derrubaram o governo provisório(que havia sido estabelecido oito meses antes, quando uma outra revolução derrubou o czarismo), realizando a revolução socialista que estabeleceu o governo soviético liderado por Vladimir Lênin. Esse governo soviético promoveu a transformação radical da sociedade russa, desapropriando a burguesia(estatizando os bancos e os meios de produção nas cidades, e realizando uma reforma agrária radical no campo). Após a vitória dos bolcheviques na guerra civil, o regime socialista conseguiu praticamente eliminar as desigualdades sociais, inclusive sendo garantido direitos e deveres iguais para homens, mulheres, e homossexuais.

"A Revolução Russa eliminou todas as leis czaristas que reprimiam a homossexualidade e que eram 'contraditórias com a consciência e a legalidade revolucionária'. Em 1923, um renomado médico de Moscou aprovava um novo código legal dizendo: 'A legislação soviética se baseia no seguinte principio: declara uma total ausência de interferência do estado e da sociedade nos assuntos sexuais, sempre e quando não sejam afetados os interesses de nenhuma outra pessoa'". (Andrea D`Atri; em "O socialismo e a questão homossexual")


Mas infelizmente o socialismo soviético acabou sofrendo uma grave degeneração, logo após a morte de Lênin. O secretário geral do Partido Comunista, Josef Stalin, derrotou seus adversários na burocracia do partido e assumiu o poder absoluto no final dos anos 20, estabelecendo uma ditadura totalitaria responsável pela morte de cerca de 20 milhões de soviéticos. Esse regime arbitrário e burocrático, longe de acabar com a exploração do homem pelo homem, resultou no surgimento de uma casta privilegiada de burocratas que agia como uma nova classe dominante, oprimindo o proletariado e o campesinato. E mais, os homossexuais passaram a ser perseguidos, considerados como "pervertidos pequeno-burgueses".

Stalin eliminou toda a "velha guarda" bolchevique, assim como mandou executar milhões de pessoas, acusadas injustamente de ter cometido "crimes contra o povo".

Isso acabou resultando no colapso do regime socialista no final dos anos 80.

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