"Ser marxista é, antes de mais nada, ser anticapitalista, ou seja, lutar pela construção de uma sociedade sem classes, que suprima a exploração do homem pelo homem e a propriedade privada dos grandes meios de produção, criando condições para que as relações entre os homens sejam fundadas na solidariedade e não no egoísmo do mercado. Claro, ser marxista não é repetir acriticamente tudo o que Marx disse. Marx morreu há cerca de 120 anos e muita coisa ocorreu desde então. Mas, sem o método que ele nos legou, é impossível compreender o que ocorre no mundo. Ele nos disse que o capital estava criando um mercado mundial, fonte de crises e iniqüidades, e nunca isso foi tão verdadeiro quanto no capitalismo globalizado de hoje. Falou também em fetichismo da mercadoria, na conversão do mercado num ente fantasmagórico que oculta as relações humanas, e nunca isso se manifestou tão intensamente quanto em nossos dias, quando lemos na imprensa barbaridades do tipo 'o mercado ficou nervoso'." (Carlos Nelson Coutinho)

sábado, 21 de abril de 2012

Os trotskistas do PSTU



O PSTU - Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado, é o principal representante do trotskismo em nosso país. Nas eleições presidenciais de 2010, lançaram a candidatura do sindicalista José Maria de Almeida para presidente. Foi uma candidatura de extrema-esquerda, que ficou em sexto lugar com 0,08% dos votos.

Como todo trotskista, o pessoal do PSTU acredita que a revolução socialista é iminente. Essa revolução está na "próxima esquina", esperando por eles, os "iluminados guias do proletariado" para lidera-la. Vejam o que Zé Maria, presidente do partido, disse em entrevista a revista Veja no ano retrasado:


"O lider do PSTU, José Maria de Almeida, foi candidato duas vezes a presidente da República. Em 1998, teve 0,30% dos votos. Em 2002, alcançou 0,47%. Zé Maria não se preocupa com essa falta de mais-valia nas urnas: "O importante é a revolução. Ela está chegando, e nós estamos preparados. Haverá uma insurreição do povo. Vamos derrubar o governo e mudar o regime".

Uma revolução no Brasil? "É isso mesmo. Nos últimos anos houve conflagrações no Equador, na Argentina e na Bolívia. Eles só continuam capitalistas porque quando o povo foi para as ruas não havia partidos capazes de guiar a transição para o socialismo. Esse será o nosso papel quando a hora chegar", acrescenta um Zé Maria animadíssimo."


Zé Maria e seus camaradas do PSTU, se esquecem que a CSP-CONLUTAS(braço sindical do partido), dirige o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, o ANDES SN(Associação Nacional dos Docentes no Ensino Superior - Sindicato Nacional), assim como participa da direção do SEPE(Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação), aqui no Rio. E qual grande mobilização esses sindicatos realizam??? Qual mobilização de caráter revolucionário a CSP-CONLUTAS, ou as entidades estudantis dirigidas pela PSTU conseguem realizar para acreditarmos que a revolução socialista é mesmo iminente??? Nem mesmo uma bem sucedida greve de professores eles conseguiram organizar, apesar dos baixos salários do governo Sérgio Cabral, que ainda por cima parcelou em seis anos o pagamento do "nova escola" aos professores. Isso demonstra que não existe nenhuma revolução iminente.

E como eu havia dito, nas eleições presidenciais de 2010, Zé Maria teve apenas 0,08% dos votos, ficando atrás até mesmo do candidato conservador José Maria Eymael(PSDC - Partido Social Democrata Cristão), que ficou em quinto lugar com 0,09% dos votos.

Zé Maria também se esquece que na Argentina, além do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado, "seita" trotskista filiada a mesma Liga Internacional dos Trabalhadores - Quarta Internacional, do qual o PSTU também faz parte, existem diversos outros partidos e grupos trotskistas, como o Partido dos Trabalhadores ao Socialismo, Partido Operário, Movimento ao Socialismo, Movimento Socialista dos Trabalhadores, etc. Porque eles não lideraram a revolução socialista por lá, se as mobilizações que ocorreram possibiltava que isso ocorresse??? Na Bolívia, existe o Movimento Socialista dos Trabalhadores(filiado a Liga Internacional dos Trabalhadores - Quarta Internacional, do qual o PSTU é o principal representante), o Partido Operário Revolucionário, e outras "seitas" trotskistas. Se a revolução é iminente, porque eles ainda não a realizaram por lá???

Qual a influência dos trotskistas na Argentina e na Bolívia??? A resposta é praticamente nenhuma, pois assim como aqui, vivem brigando entre si e promovendo políticas sectarias e esquerdistas que os afastam das massas populares. O mesmo acontece na Europa. Na França, o sectarismo do Partido Operário Independente e da Luta Operária, os jogam no gueto. O mesmo acontece na Itália, onde o sectarismo do Partido Comunista dos Trabalhadores e do Partido da Alternativa Comunista, é ainda maior. Ninguém faz revolução com um sectarismo tão doentio.

Os trotskistas não percebem que a realidade das sociedades capitalistas desenvolvidas é bem diferente da realidade da Rússia de 1917. Naquela sociedade semi-feudal, o poder estava concentrado no Palácio de Inverno, portanto bastava ataca-lo para se tomar o poder. Nas sociedades capitalistas desenvolvidas, o poder não está concentrado nos palácios. Encontra-se disperso pela sociedade, pois o capitalismo não se mantem apenas pela coerção, mas também pelo consenso. A esquerda deve disputar a hegemonia na sociedade, antes de pensar em tomar o poder. Os trotskistas não percebem isso e continuam achando que convocando greves em assembléias esvaziadas, convocando manifestações com o uso de palavras de ordem dogmaticas contra o capitalismo, vão conseguir realizar alguma revolução.

O filósofo e revolucionário italiano Antonio Gramsci, que na minha opinião é o maior teórico do comunismo depois do próprio Marx e de Engels, reinterpretou o marxismo-leninismo segundo a realidade das sociedades capitalistas desenvolvidas(as sociedades do tipo "Ocidental", usando a expressão do próprio Gramsci), e assim formulou uma alternativa real ao stalinismo. Gramsci foi o primeiro teórico marxista a refletir sobre a questão do consenso, formulando a teoria sobre a revolução socialista no mundo capitalista desenvolvido, uma revolução que arde em 'fogo lento', onde a disputa da hegemonia na sociedade é fundamental.

"[...] no Ocidente, onde a 'sociedade civil' é extremamente articulada com a proteção do 'Estado político', a luta será longa, será uma enervante 'guerra de posição' [...]. É preciso aprender todos os métodos mais elaborados dos adversários, não deixar-se surpreender despreparados ou atrasados nessa revolução que arde em 'fogo lento', abandonar o primitivismo econômico e mecanicista precedente e desenvolver a capacidade de previsão e de guia dos acontecimentos, chamando os intelectuais para colaborar com tal empreendimento histórico e colmatando continuamente as distâncias que se formam entre as linhas estratégicas dos vértices e a capacidade de compreensão e de recepção da base." (Antonio Gramsci) 


Fica claro que não podemos buscar no trotskismo, a alternativa para a construção de um socialismo renovado, sem os desvios promovidos pelo stalinismo. A alternativa eu acredito existir na obra de Antonio Gramsci, que não se deixou contaminar pelo esquerdismo(a doença infantil do comunismo), muito menos pelo dogmatismo.

A partir das reflexões de Gramsci é possível desenvolver um conceito democrático de socialismo, fundado no consenso e não somente na coerção, promovendo assim a verdadeira superação do stalinismo, refundando o marxismo segundo a realidade da luta de classes no século XXI.

Um comentário:

  1. Esse BLOG tambem eh TROTSKISTA tenta confundir o leitor menos avisado. Primeiro porque Gramsci era trotskista. Defensor da II Internaciional e elogiado por trotskistas do mundo todo! Outro coisa tipica de trotskista eh meter o pau em STALIN. Logo voces querem levar o povo pro mesmo lado, embora com palavras supostamente de esquerda. Doentes infantis do Comunismo... Saudades de Lenin e Stalin...

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