A esquerda socialista precisa romper com toda tradição oriunda do stalinismo, buscando resgatar o melhor do pensamento marxista no processo de refundação do socialismo, segundo a realidade da luta de classes no século XXI. E o caminho para essa refundação, eu acredito estar presente no pensamento do marxista italiano Antonio Gramsci.
Nas atuais sociedades capitalistas ocorreu a chamada "socialização da política", que ampliou o poder político(que antes era limitado aos palácios) para a chamada "sociedade civil". Portanto não basta palavras de ordem "radicais" contra o capitalismo, muito menos a convocação de greves e manifestações. Para se desencadear um processo revolucionário, precisa-se antes disputar a hegemonia na sociedade, como Antonio Gramsci teorizou.
E mais, Gramsci foi o primeiro teórico marxista a estudar a questão do consenso, formulando assim as bases para um socialismo com democracia, corrigindo os erros que possibilitaram o surgimento do stalinismo.
"Distinguindo-se dos social-democratas que se opuseram à revolução bolchevique e à União Soviética (Kautsky, Bernstein e tantos outros), Gramsci - tal como Rosa Luxemburg -- defende a necessidade da revolução e se solidariza, ainda que criticamente, com seus primeiros passos. Mas, ao mesmo tempo, dissocia-se claramente dos rumos que a União Soviética começou a tomar a partir dos anos 30, quando a estatolatria se tornou "fanatismo teórico" e converteu-se em algo "perpétuo", consolidando assim um "governo dos funcionários" que, ao reprimir a sociedade civil e as possibilidades do autogoverno democrático dos cidadãos, gerou um despotismo burocrático que nada tinha a ver com os ideais emancipadores e libertários do socialismo marxista. (...)
...Gramsci nos propõe um outro modelo de socialismo, um modelo no qual o centro da nova ordem deve residir não no fortalecimento do Estado, mas sim na ampliação da "sociedade civil", de um espaço público não estatal. Na "sociedade regulada" - o belo pseudônimo que encontrou para designar o comunismo --, Gramsci supõe (e volto a citá-lo) que "o elemento Estado-coerção pode ser imaginado como capaz de se ir exaurindo à medida que se afirmam elementos cada vez mais numerosos de sociedade regulada (ou Estado-ético, ou sociedade civil)". Ora, como se sabe, as instituições próprias da sociedade civil são o que Gramsci chama de "aparelhos ''privados'' de hegemonia", aos quais se adere consensualmente; e é precisamente essa adesão consensual o que os distingue dos aparelhos estatais, do "governo dos funcionários", que impõem suas decisões coercitivamente, de cima para baixo. Portanto, afirmar "elementos cada vez mais numerosos" de sociedade civil significa ampliar progressivamente o âmbito de atuação do consenso, ou seja, de uma esfera pública intersubjetivamente construída, fazendo assim com que as interações sociais percam cada vez mais seu caráter coercitivo." (Carlos Nelson Coutinho; em "Atualidade de Gramsci")
Nas atuais sociedades capitalistas ocorreu a chamada "socialização da política", que ampliou o poder político(que antes era limitado aos palácios) para a chamada "sociedade civil". Portanto não basta palavras de ordem "radicais" contra o capitalismo, muito menos a convocação de greves e manifestações. Para se desencadear um processo revolucionário, precisa-se antes disputar a hegemonia na sociedade, como Antonio Gramsci teorizou.
E mais, Gramsci foi o primeiro teórico marxista a estudar a questão do consenso, formulando assim as bases para um socialismo com democracia, corrigindo os erros que possibilitaram o surgimento do stalinismo.
"Distinguindo-se dos social-democratas que se opuseram à revolução bolchevique e à União Soviética (Kautsky, Bernstein e tantos outros), Gramsci - tal como Rosa Luxemburg -- defende a necessidade da revolução e se solidariza, ainda que criticamente, com seus primeiros passos. Mas, ao mesmo tempo, dissocia-se claramente dos rumos que a União Soviética começou a tomar a partir dos anos 30, quando a estatolatria se tornou "fanatismo teórico" e converteu-se em algo "perpétuo", consolidando assim um "governo dos funcionários" que, ao reprimir a sociedade civil e as possibilidades do autogoverno democrático dos cidadãos, gerou um despotismo burocrático que nada tinha a ver com os ideais emancipadores e libertários do socialismo marxista. (...)
...Gramsci nos propõe um outro modelo de socialismo, um modelo no qual o centro da nova ordem deve residir não no fortalecimento do Estado, mas sim na ampliação da "sociedade civil", de um espaço público não estatal. Na "sociedade regulada" - o belo pseudônimo que encontrou para designar o comunismo --, Gramsci supõe (e volto a citá-lo) que "o elemento Estado-coerção pode ser imaginado como capaz de se ir exaurindo à medida que se afirmam elementos cada vez mais numerosos de sociedade regulada (ou Estado-ético, ou sociedade civil)". Ora, como se sabe, as instituições próprias da sociedade civil são o que Gramsci chama de "aparelhos ''privados'' de hegemonia", aos quais se adere consensualmente; e é precisamente essa adesão consensual o que os distingue dos aparelhos estatais, do "governo dos funcionários", que impõem suas decisões coercitivamente, de cima para baixo. Portanto, afirmar "elementos cada vez mais numerosos" de sociedade civil significa ampliar progressivamente o âmbito de atuação do consenso, ou seja, de uma esfera pública intersubjetivamente construída, fazendo assim com que as interações sociais percam cada vez mais seu caráter coercitivo." (Carlos Nelson Coutinho; em "Atualidade de Gramsci")
A lógica econômica do socialismo é bem simples:
ResponderExcluirUm político socialista
Não há desemprego, mas ninguém trabalha.
Ninguém trabalha, mas todos recebem um salário.
Todos recebem um salário, mas não há nada que se possa comprar.
Não há nada que se possa comprar, mas todo mundo tem tudo que precisa.
Todo mundo tem tudo o que precisa, mas todos são igualmente insatisfeitos com o lixo dado pelo governo.
Todo mundo é igualmente insatisfeito com o lixo dado pelo governo, mas vai falar isso pro regime sem ser fuzilado...